Laser de co2 vs estrogenioterapia vaginal: os efeitos são equivalentes?
- agosto 7, 2023
- Postado por: GinecoAcademy

Revisão recentemente publicada no JAMA Network traz dados de estudos comparando os efeitos objetivos e subjetivos para tratamento da síndrome genitourinária da menopausa
Sabe-se que a síndrome geniturinária da menopausa (SGUM), uma condição altamente prevalente que acomete 40-80% das mulheres na pós-menopausa e de piora progressiva, tem íntima relação com a deficiência de estrogênio, resultando em afinamento do epitélio vaginal, perda da dominância da microbiota lactobacilar, redução da elastina e colágeno no tecido conjuntivo e impacto negativo na qualidade de vida tanto de mulheres sexualmente ativas quanto inativas. Dentre as inúmeras opções terapêuticas, a estrogenioterapia vaginal de baixa dosagem tem demonstrado ser altamente eficaz, principalmente nos casos moderados a severos, apesar da aderência variável.
Métodos a base de energia, incluindo laserterapia e radiofrequência, são tratamentos relativamente novos e promissores. No entanto, devido à escassez de evidências disponíveis e variações de protocolos, essas terapias ainda não são recomendadas pelas principais sociedades, as quais estimulam a pesquisa sobre o tema.
No geral, a maioria dos ensaios clínicos randomizados controlados por sham (simulação do procedimento) mostra superioridade das terapias à base de energia. Mas e quanto a comparação do laser com a estrogenioterapia, temos dados na literatura?
Na última edição de do JAMA Network, Jang et al publicaram uma revisão sistemática incluindo os principais ensaios clínicos avaliando medidas objetivas (VHI – Vaginal Healh Index e VMI – Vaginal Maturation Index) e subjetivas (VAS – Vaginal Assessment Scale e FSFI – Female Sexual Function Index) para informar de forma abrangente as diferenças entre o estrogênio vaginal e a terapia com laser. Foram incluídos 6 ensaios clínicos e dados de 270 mulheres com SGUM (135 randomizadas para terapia a laser e 135 para terapia com estrogênio; idade média 54,6-61 anos).
Os autores observaram que não houve diferença significativa entre os tratamento em nenhuma medida (objetiva ou subjetiva):
- VAS: MD, -0,16; IC 95%, -0,67 a 0,36; I2, 33,31%
- VHI: MD, 0,20; IC 95%, -0,56 a 0,97; I2, 83,25%
- VMI: MD, -0,56; IC 95%, -1,14 a 0,02; I2, 35,07%
- FSFI: MD, -0,04; IC 95%, -0,45 a 0,36 ; I2, 41,60%
Os autores destacam que estes resultados precisam ser interpretados com cautela, uma vez que há limitações importantes, tais como número pequeno de pacientes em cada estudo, seguimento curto (até 6 meses) e relato inconsistente dos resultados entre os estudos. Além disso, a diferença não estatisticamente significativa observada não sugere necessariamente que a terapia com laser seja equivalente ou não inferior à terapia tópica de estrogênio.
Desta forma, apesar de estudos futuros com poder estatístico adequado e acompanhamento suficiente serem necessários, estes dados são interessantes, especialmente para pacientes com contraindicação ao não-desejo de estrogenioterapia tópica.
Referências:
- Jang YC, Leung CY, Huang HL. Comparison of Severity of Genitourinary Syndrome of Menopause Symptoms After Carbon Dioxide Laser vs Vaginal Estrogen Therapy: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Netw Open. 2022 Sep 1;5(9):e2232563. (acesse)
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