Imiquimod para tratamento de lesões precursoras do câncer de colo uterino?
- novembro 3, 2022
- Postado por: GinecoAcademy

Novo estudo fase II publicado no Obstetrics & Gynecology apresenta dados promissores sobre o possível papel do imiquimod na regressão de lesões de alto grau do colo
Sabe-se que o manejo atual da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) é principalmente baseado em seguimento e tratamento ablativo/excisional. No entanto, cada vez mais temos estudos avaliando o papel de terapias tópicas que atuam no âmbito imunológico para promover regressão ou resolução. Apesar da escassez de dados disponíveis sobre o assunto, as evidências estão crescendo.
O imiquimod, terapia tópica que estimula o sistema imunológico inato e aumenta a produção das citocinas interferon α, interleucina 6 e TNF-α, é usado para tratar verrugas genitais e displasia vulvar/vaginal e tem sido estudado como possível tratamento de lesões intraepiteliais do colo uterino.
Enquanto a maioria dos estudos avaliou a sua eficácia no NIC 1, apenas 2 ensaios clínicos randomizados haviam avaliado seu papel para tratamento de lesões de alto grau. Grimm et al. demonstraram regressão histológica em 73% das pacientes do grupo tratado com imiquimod, no entanto, a regressão histológica foi avaliada apenas com biópsia dirigida por colposcopia, não remoção de toda a zona de transformação.
Em maio de 2021 foi publicado um novo ensaio clínico randomizado fase II de Fonseca et al. na Obstetrics & Gynecology em que 90 mulheres com LIEAG (NIC 2-3) foram aleatoriamente designadas para 250 mg de imiquimod creme 5% aplicado diretamente no colo semanalmente por 12 semanas, seguido de excisão por CAF.
O grupo controle foi submetido à excisão sem aplicação do imiquimod. A regressão histológica foi observada em 23 das 38 participantes (61%) no grupo experimental em comparação com 9 de 40 (23%) no grupo de controle (p=0,001). As margens cirúrgicas foram negativas para LIEBG em 36 (95%) no grupo experimental e 28 (70%) no grupo de controle (p=0,004).
Apesar de promissor, o imiquimod apresenta alta taxa de efeitos adversos. Estudos prévios mostraram frequência de até 97%, provavelmente pela maioria ser por autoaplicação. Neste novo estudo, a taxa foi menor (74%) e com quadros leves. Dor abdominal foi a mais comum. A menor intensidade de efeitos adversos pode estar relacionada à aplicação direta de imiquimod no colo do útero, minimizando a absorção fora do órgão alvo.
Referências:
- Fonseca, Bruno O. MD; Possati-Resende, Júlio C. MD, PhD; Salcedo, Mila P. MD, PhD; Schmeler, Kathleen M. MD; Accorsi, Guilherme S. MD; Fregnani, José H. T. G. MD, PhD; Antoniazzi, Marcio MD; Pantano, Naitielle P. PhD; Santana, Iara V. V. MD; Matsushita, Graziela M. MD, PhD; dos Reis, Ricardo MD, PhD Topical Imiquimod for the Treatment of High-Grade Squamous Intraepithelial Lesions of the Cervix, Obstetrics & Gynecology: May 06, 2021. (acesse)
- Grimm C, Polterauer S, Natter C, Rahhal J, Hefler L, Tempfer CB, et al. Treatment of cervical intraepithelial neoplasia with topical imiquimod: a randomized controlled trial. Obstet Gynecol 2012;120:152–9. (acesse)
- Koeneman MM, Kruse AJ, Kooreman LF, Zur Hausen A, Hopman AH, Sep SJ, et al. Preliminary stop of the TOPical Imiquimod treatment of high-grade Cervical intraepithelial neoplasia (TOPIC) trial. BMC Cancer 2017;17:110. (acesse)
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