Orientações para pacientes: Cuidados com a saúde genital feminina (Checklist)
- junho 27, 2024
- Postado por: GinecoAcademy
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A higiene íntima é essencial para a manutenção da saúde genital e do bem-estar geral, sendo importante seguir orientações baseadas em ciência para evitar infecções, desconfortos e outras complicações. Abaixo apresentamos algumas práticas recomendadas para promover uma higiene adequada e prevenir problemas de saúde
Cuidados com a roupa íntima
- A calcinha usada no dia a dia deve ser 100 % algodão (NÃO basta ter o “forrinho” de algodão), pois permite a transpiração e a ventilação adequadas da região genital.
- Deve ser preferencialmente branca ou de cores claras porque calcinhas coloridas podem causar irritações e alergias devido ao emprego dos corantes. As cores escuras – preto, vermelho, marrom e azul marinho – têm maiores chances de causar alergias.
- Lave-as separadamente, à mão, de preferência com sabão de côco líquido. É necessário enxaguar bastante e não adicionar amaciantes. Nunca deixe as calcinhas “de molho” e nem utilize alvejantes para lavá-las (água sanitária, Q-boa®).
- Sempre deixe as calcinhas secarem ao sol ou em local bem ventilado – no banheiro jamais!
- Passe a ferro quente suas calcinhas – por isso devem ser 100% algodão.
- Guarde em gavetas de calcinhas, separadamente. Nunca misture com meias ou outras roupas, pois elas não recebem todos esses cuidados especiais. Não colocar substâncias tais como naftalina ou sachês perfumados nas gavetas.
- Jamais compartilhar calcinhas! Nem mesmo entre irmãs ou mãe/filha.
Cuidados com a higiene íntima:
- Utilize papel higiênico branco e neutro. O papel colorido e perfumado pode causar alergias. Sempre utilizá-lo “da frente para trás”.
- Após evacuar (fazer cocô) deve-se lavar com água e sabonete neutro a região perineal e a região perianal externamente.
- Sabonete para a higiene genital deve ter pH entre 5,0 / 6,0 – sugere-se produto sem perfume, incolor e em veículo líquido para uso externo. Sugere-se aplicação em movimentos circulares e leves, seguido de secagem delicada – esse ritual deve durar de 2 a 3 minutos para evitar trauma e/ou ressecamento da pele.
- Utilize absorvente sem perfume e de preferência com cobertura suave somente nos dias de fluxo menstrual. Evite o uso de absorventes internos (tipo OB®, Tampax®) porque podem causar irritações, mau odor genital e corrimento. Os protetores diários de calcinhas do tipo “Carefree®” podem ser utilizados – optar pelos respiráveis. O uso de desodorantes íntimos NÃO é recomendado, bem como deve-se evitar o uso de perfumes e, principalmente, adereços na região genital.
- Os coletores menstruais podem ser utilizados, observando-se a necessidade de remoção para esvaziamento e higiene do dispositivo, bem como da região genital. De acordo com o fluxo menstrual de cada paciente, este procedimento deverá ser realizado idealmente a cada 6 horas e, no máximo, a cada 12 horas.
- Para aliviar o desconforto, ardência ou coceira nos genitais externos, sugere-se aplicação local de compressas com chá de camomila frio (preparar 2 litros a partir da camomila natural – “em florzinha” e não adoçar) por pelo menos 10 minutos, uma ou duas vezes por dia. Outra opção é a utilização da solução com água bicarbonatada – para 2 litros de água filtrada fria adicionar 4 colheres de sopa de bicarbonato de sódio – aplicada aos genitais externos em borrifador. Essas práticas são mais adequadas do que os antigos “banhos de assento”. Nunca utilize vinagere!
- Nunca faça ducha vaginal! Essa prática diminui a proteção da vagina porque remove mecanicamente os lactobacilos que são as bactérias que protegem o trato genital feminino. Além disso, pode fazer com que outras bactérias presentes na vagina cheguem rapidamente ao útero, trompas e até mesmo aos ovários podendo causar infecções com consequências desastrosas. Sempre que notar “mau cheiro” nos genitais a conduta correta é procurar o serviço de saúde – fazer duchas vaginais só vai piorar o problema!
- O método depilatório definitivo “a laser” é o mais adequado. Evite o uso de lâmina de barbear (Gillette®) no contorno da virilha porque frequentemente causa irritações e inflamações locais que facilitam o aparecimento de “pelos encravados” e infecções da pele. A remoção total dos pelos pubianos também não é aconselhada. Cremes depilatórios podem causar irritação e alergia.
- Para um exame ginecológico ideal, deve-se evitar relações sexuais por pelo menos 72 horas antes da consulta. O fluxo menstrual também atrapalha a avaliação do conteúdo vaginal – um intervalo de pelo menos 3 dias após o último dia de menstruação resolve a questão.
- Evite a automedicação! A “pomadinha” ou “comprimido” que foram a salvação da sua vizinha pode lhe trazer sérios problemas – o tratamento a ser utilizado depende do diagnóstico correto que só pode ser dado após exame médico adequado que sempre deve incluir exames complementares com avaliação ao microscópio.
- Nas relações sexuais podem ser utilizados lubrificantes à base de água ou silicone – sugere- se a apresentação em sachês (ex. Olla Gel®) por ser mais higiênica. Não utilize substâncias oleosas e/ou perfumadas (hidratantes ou óleos corporais) para essa finalidade, pois elas podem causar irritações e alergias, além de facilitarem o rompimento do preservativo masculino / feminino.
- A camisinha masculina ou o preservativo feminino são muito eficazes na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis – ISTs. Além disso, a camisinha colabora com a manutenção do equilíbrio da “flora vaginal” já que o sêmen (ejaculado) pode promover alteração na acidez vaginal, o que pode facilitar a ocorrência de infecções.
- Sempre tome banho antes e depois das relações sexuais e converse com seu (sua) parceiro(a) para que faça o mesmo. Deve-se lembrar que após o sexo anal os parceiros deverão obrigatoriamente fazer a higiene genital se quiserem praticar sexo vaginal logo a seguir. Jamais alternar penetração anal e vaginal, pois há chance de contaminação e infecção vaginal.
- O sexo oral só é 100% seguro se praticado com camisinha, pois também é uma importante via de contágio e transmissão de ISTs. Para isso existem camisinhas com “sabores” – morango, chocolate, hortelã, etc.
Após tantas informações, procure anotar suas dúvidas para discuti-las com seu médico na próxima consulta. A prática rotineira dessas sugestões certamente ajudará na manutenção da saúde genital, garantindo mais tranquilidade e qualidade para o exercício saudável da sexualidade.
Autoria: Profª Drª Andréa da Rocha Tristão
- Responsável pelo Ambulatório de Infecções Genitais Femininas Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP
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